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Scot Consultoria

Grãos - Preços históricos, e o custo?


Quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008 - 17h15

A soja bateu novo recorde histórico no dia 19 deste mês na Bolsa de Chicago (CBOT) - o maior desde a sua fundação, em 1882 - chegando a ser cotada a US$14,30/bushel (ou R$54,55/saca) para contratos de julho de 2008. Até o momento a valorização do grão em Chicago é de 180% desde o início de 2005. A China, principal importadora mundial do grão, sofre com problemas climáticos que comprometem a sua safra. O seu já "apertado" estoque necessita ser aumentado para conter a inflação que ameaça os preços de seus alimentos. A crise imobiliária dos Estados Unidos foi outro fator que colaborou para esse aumento. Os grandes fundos de investimentos, preocupados com os solavancos do mercado financeiro e os riscos iminentes de uma recessão econômica nesse país, migram seus recursos cada vez mais para as commodities, que seguem fundamentos de mercado mais consolidados, como oferta e demanda. O milho também figura nesse cenário de alta. Estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revelam uma intenção de plantio para a safra 2008 menor do que do ano anterior. Motivo: os efeitos do fenômeno La Nina no Oceano Pacífico e seus impactos no clima norte-americano desmotivam os fazendeiros a investir no grão. Além disso, o cereal está cada dia mais atrelado às cotações do petróleo. Os altos preços do combustível fazem com que a demanda por etanol cresça a cada dia. O barril de petróleo bateu recorde no último 19/02, sendo cotado a US$100,10. Colaborando com essa indexação petróleo-etanol, a Agência de Proteção do Meio-Ambiente dos EUA (U.S. Environmental Protection Agency) aumentou a mistura de etanol na gasolina para 2008, de 4,66% para 7,76%, com um consumo estimado em 41 bilhões de litros desse combustível. Puxado pelas altas do milho e da soja, o trigo também atingiu o pico no último 11/02 (US$11,53/bushel, para contratos de maio), pressionando a inflação nos alimentos na maioria dos países importadores. Embora os preços das principais commodities agrícolas estejam atraentes, o custo de produção também está alto. Os reajustes em fertilizantes (56,63% nos últimos 12 meses) e defensivos agrícolas (34,51% no mesmo período) não ajudam os produtores. Por conta disso, nem todo mundo vai poder aproveitar esse aumento nas cotações dos grãos. Muitos que estavam sem recurso no início da safra já haviam comprometido parte da produção na compra de insumos. Os preços históricos, para eles, não aconteceram. Vale ressaltar que os preços dos grãos são cotados em dólares, o qual está no seu nível mais baixo desde 2000. O Governo Federal decidiu esforçar-se para atacar a alta nos custos, reduzindo alíquotas de importação de alguns insumos originários do Mercosul e da China. É ver para crer.
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