Boi: Preço cede em SP e sobe em outros estados; cenário é de pressão

Com o consumo doméstico mais fraco nos últimos dias do mês e escalas de abate folgadas, a indústria abriu a semana oferecendo preços menores pelos lotes de animais prontos. As exportações ainda não dão sinais de melhora e isso eleva a pressão por parte dos compradores.

"Sem conseguir escoar a produção, a indústria tem menor necessidade de comprar bois", diz Mateus Ferreira, da Scot Consultoria. Mesmo assim, na segunda-feira produtores se mantinham firmes e só houve desvalorização em algumas praças pecuárias. Esse quadro muda em alguns Estados. Onde há necessidade de atender escalas ou a demanda cresce pela presença de frigoríficos paulistas foi observada alta da arroba, caso ontem de Goiás e Minas Gerais.

Na BM&FBovespa, a sessão foi de baixa liquidez e variações pontuais nos contratos futuros. O maio registrou 306 negócios, com queda diária de R$ 0,08, para R$ 146,99. Já o outubro subiu R$ 0,10, para R$ 152,85, com 422 movimentações.

Em São Paulo, a arroba caiu na segunda-feira, segundo a Scot. A referência à vista passou a R$ 147,50, ante R$ 148 ao fim da semana passada. Este mercado registra ofertas de compra entre R$ 145 e R$ 148, sendo que as propostas acima da nova referência são feitas em menor volume. Se essa tendência persistir, a tendência é de estabilidade ou mesmo de recuo de preços nos próximos dias.

Para a Informa Economics FNP, a cotação está em R$ 148. O indicador Cepea/Esalq fechou com queda de 0,19% no valor à vista, a R$ 146,87. A prazo, a cotação praticamente não variou (-0,01%), fechando a R$ 147,47/arroba.

Segundo a Scot, a arroba também cedeu no noroeste do Paraná (R$ 146, de R$ 147 na sexta-feira) e no oeste de Maranhão (R$ 130, de R$ 130,50). No mercado à vista, a Informa apontou queda em Cuiabá (R$ 138/arroba, de R$ 139/arroba) e em Açailândia (MA), onde a arroba caiu R$ 3, a R$ 131. Em Colíder, o Cepea registrou recuo de R$ 1,43 da arroba à vista, para R$ 130,75, valor que desconsidera o Funrural. As quedas também foram motivadas pela menor liquidez, típica da segunda-feira.

As compras da indústria paulista em Goiás e Minas Gerais conferiram firmeza à arroba nestes mercados. Frigoríficos de maior porte buscam bois nestas praças para alongar suas escalas e pressionar os preços em São Paulo. Para a Scot, a arroba em Goiânia subiu R$ 1, para R$ 138, enquanto no Triângulo Mineiro o mercado permaneceu firme a R$ 138. A Informa observou estabilidade em ambas as praças, com as mesmas cotações.

No atacado, a segunda-feira registrou nova desvalorização. O menor consumo, comum na última semana do mês, é agravado pela retração da economia. "Na última semana, observamos um consumo maior do dianteiro, que tem menor valor agregado", afirma Mateus Ferreira, da Scot Consultoria. Segundo a Informa, houve queda de R$ 0,10 no quilo do traseiro, para R$ 10,70.

No mercado externo, as vendas de carne bovina in natura na terceira semana de maio seguiram abaixo do patamar observado em 2014. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a média diária exportada no período foi de 4,4 mil toneladas. Em maio do ano passado, a média foi 11,4% superior: 4,9 mil toneladas.

Seca à vista

Em seu relatório mensal sobre a bovinocultura, analistas do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) indicam que pecuaristas do Estado devem começar a se preparar para a estiagem, buscando opções para a alimentação de seus animais.

"Fica a critério de cada produtor como solucionar este problema, se ajustando à lotação de acordo com a disponibilidade de forragem ou reservando/adquirindo alimento para suprir as necessidades do rebanho", afirma a equipe, coordenada por Paulo Ozaki, Júlio César Marques e Wilson Chitto.

Cabe ressaltar que, em caso de adequação da quantidade de bois às novas condições de pasto, produtores devem ofertar mais animais nas próximas semanas, o que reforça a pressão sobre a arroba.

Fonte: Agência Estado, publicado em 26/05/2015. Extraído do portal Futuros Agrícolas - http://www.futurosagricolas.com.br/conteudo/boi-preco-cede-em-sp-e-sobe-em-outros-estados-cenario-e-de-pressao.html