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Scot Consultoria

Milho – março


Terça-feira, 24 de abril de 2012 - 09h37

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) é parte do Departamento de Economia, Administração e Sociologia (DEAS) da Esalq/USP.


A comercialização de milho ao longo de março apresentou dificuldade de reação. Já a colheita da safra verão seguiu em bom ritmo e o cultivo de segunda safra praticamente foi finalizado. A produção de milho na safra verão no Brasil deve ficar praticamente estável em relação à colheita de 2011, mas a de segunda safra pode crescer. A oferta agregada, portanto, deve ter acréscimo na safra 2011/12.


Segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a área com milho verão na safra 2011/12 deve se consolidar em 8,6 milhões de hectares, o que representa avanço de 9,2% sobre a passada. Porém, na média do país, a produtividade deve baixar 8,5%, para 4.153 kg/ha, pressionada pelas perdas do Sul, que devem superar 27%. Com isso, a produção verão deve ser de 35,9 milhões de toneladas, praticamente igual à do ano passado. As safras de Goiás, Minas Gerais, que é o maior produtor nacional pelo segundo ano consecutivo na safra verão, e da Bahia devem amenizar os impactos das perdas da região Sul.


No Paraná, segundo informações da Seab/Deral, a quebra na safra verão não foi tão expressiva quanto se previa. A produção de milho primeira safra é estimada em 6,31 milhões de toneladas no estado, com crescimento de 3% sobre a do ano anterior. As maiores produções devem ocorrer no sul do Paraná (de 3,6 milhões de toneladas, o que representa crescimento de 10% sobre 2010/11), no oeste (695 mil toneladas, avanço de 41%) e no centro-oeste (268 mil toneladas, crescimento de 58%). Para a segunda safra, as estimativas sinalizam crescimento de 51% na produção, para 9,6 milhões de toneladas - mas isso dependerá das condições climáticas.


No Rio Grande do Sul, conforme dados divulgados pela Emater/RS em 29 de março, a colheita seguia adiantada. O elevado percentual de lavouras em maturação completa chamava a atenção. Assim, caso o clima permita, o milho deveria ser colhido rapidamente. Já a quantidade e a qualidade do produto obtido continuavam apresentando muita oscilação, mas, se mantinha dentro das estimativas.


Para a segunda safra 2011/12, as estimativas da Conab sinalizam crescimento de 14,1% na área, para o recorde de 6,7 milhões de hectares. A produtividade, por enquanto, é estimada com crescimento de 5,2%, para 3.838 kg/ha. Com isso, a produção pode chegar a 25,8 milhões de toneladas, o que representaria um salto de 20,1% sobre a segunda safra de 2010/11.


No agregado, a produção esperada (verão + segunda safra) pela Conab é de 61,7 milhões de toneladas, aumento de 7,5% sobre o período anterior. A área total deve chegar a 15,4 milhões de hectares (+11,3%) e a produtividade média deve ceder 3,4%, para 5.016 kg/ha.


No correr de março, com a colheita de milho avançando de maneira satisfatória e a oferta aumentando, compradores passaram a pressionar as cotações. Apesar da preferência por se negociar a soja, que apresenta maior retorno, aos poucos, começou haver necessidade de se vender também o milho para pagamento das despesas operacionais de colheita e, ao mesmo tempo, liberar espaço nos armazéns - em algumas regiões, há déficits expressivos de espaço.


No final do mês, os preços do milho continuaram em queda na maioria das regiões acompanhadas pelo Cepea, mas, no geral, os recuos foram menos intensos. Somente em São Paulo e em Minas Gerais as perdas continuaram expressivas na última semana do mês. Já em Santa Catarina e no sul de Mato Grosso do Sul, os preços chegaram a subir ligeiramente. No porto, mesmo com os preços nominais - a liquidez continuava muito baixa -, também houve alta. Esse comportamento poderia estimular o interesse por exportação e, consequentemente, limitar as perdas no interior do país.


O fato é que o mercado de milho e de grãos em geral atravessou um momento de incertezas. No Brasil, apesar das perdas no Sul, a oferta pode não ceder como inicialmente esperado. Em regiões como Goiás e Minas Gerais, a disponibilidade do produto deve ser expressiva, e as necessidades de liberar armazéns e de "fazer caixa" estão fazendo com que produtores elevem a oferta de milho.


Quanto à segunda safra, até há boas expectativas de produção, mas grande parte já está comprometida com contratos antecipados, especialmente para exportação. Este é o caso de Mato Grosso que, nos últimos anos, chegou a exportar mais de 80% da produção. A expectativa atual é que o estado colha na safra em andamento cerca de 11 milhões de toneladas, sendo que cerca de 70% já estariam negociados, segundo o Imea.


Neste ambiente, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (referente à região de Campinas; valores a prazo são convertidos para à vista pela taxa de desconto CDI) caiu 5,6% no acumulado de março, fechando a R$27,16/saca de 60 kg no dia 30. Se considerada a taxa de desconto NPR, na região de Campinas, o preço médio à vista foi de R$26,63/sc de 60 kg no último dia do mês, cedendo expressivos 5,5% em março. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços caíram 2,9% no mercado de balcão (ao produtor) e 3,4% no de lotes (negociação entre empresas) no mês.


No mercado futuro da BM&FBovespa, o vencimento mai/12 reagiu leve 0,3% ao longo de março, fechando a R$26,43/sc de 60 kg no dia 30. O contrato set/12 subiu 1,3%, a R$26,35/sc de 60 kg na sexta-feira.


Quanto ao mercado externo, as informações de maior destaque foram as do relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgado no dia 30. Segundo essa fonte, produtores dos Estados Unidos devem plantar área recorde de milho na safra 2012/2013, de 38,81 mil/hectares, superior à área de 2011/2012, quando foram semeados 37,19 mil/hectares. Caso as estimativas se confirmem, essa será a maior área já semeada com o cereal desde o ano de 1937, quando foram cultivados 39,34 mil/hectares.


Nesse cenário, as cotações cederam em março. O contrato mai/12 na Bolsa de Chicago (CME/CBOT) caiu 1,9%, passando para US$6,4400/bushel (US$253,33/t) na quinta. O contrato jul/12 recuou 2,2%, indo para US$6,4325/bushel (US$253,23/t).



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